Boletim ASBAI Edição Nº 56 | EDITORIAL | “AMB falará sempre junto e em consonância com as especialidades”
Quebramos o protocolo e trazemos, no lugar do Editorial, uma entrevista com o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Dr. César Fernandes. Na conversa abaixo, Dr. Fernandes conta sobre o trabalho de fortalecimento com as especialidades médicas, a valorização da Ciência e a criação do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19. “Foi essencial para enfrentar as fake news.”
Boletim ASBAI — Um dos pontos que está sendo trabalhado em sua gestão é o fortalecimento do movimento associativo em todas as especialidades. Por que a AMB entrou nessa ação?
Dr. César Fernandes — As sociedades de especialidades médicas são a alma da Associação Médica Brasileira, assim como nossas federadas. A AMB nasceu com uma missão científica há 70 anos, e isso a fez grande, absolutamente indispensável à Ciência e à Medicina do Brasil.
Assim, é obrigação de qualquer dirigente que passa pela Diretoria da AMB estender o tapete vermelho para as especialidades médicas. A ASBAI, por exemplo, é nossa voz em Alergia e Imunologia; merece toda a deferência, da mesma forma que as demais sociedades.
Durante toda a gestão, a AMB falará sempre junto e em consonância com as especialidades, para apoiá-las e fortalecê-las cada vez mais e, consequentemente, para que seus associados sejam ainda mais valorizados, reconhecidos e respeitados, com remuneração adequada e justa.
B.A. — Quais as propostas para melhorar o movimento associativo? O que já está em andamento?
C.F. — Vamos começar pela mudança de postura da AMB. Hoje, a Associação Médica Brasileira é outra vez exemplo de pluralidade de pensamento, de austeridade e gestão responsável, de fidelidade ampla, geral e irrestrita à Ciência e à boa prática. Temos trabalhado firme na defesa profissional e inclusive alcançamos vitórias importantes, como a derrubada de propositura que ameaçava reduzir investimentos mínimos no setor; barramos até agora todas as tentativas de flexibilização do Revalida e conseguimos a sanção da Lei 14.128/21, que concede indenização a médicos e profissionais de saúde incapacitados pela covid-19.
Temos muitos projetos em andamento, para o futuro imediato, além de outros que já são realidade. Por sua excelência, cito o Programa de Educação para o Médico Generalista do Brasil (Progeb), que traz programação gratuita de aulas mensais para residentes, estudantes de Medicina e associados adimplentes da AMB. Tudo ao vivo, em plataforma digital, abrangendo os conteúdos essenciais de todas as especialidades médicas do País, além de discussão de casos clínicos e reais, tutoriais semanais e videoaulas teóricas.
B.A. — O planeta vive um momento em que o valor da Ciência ficou ainda mais evidente. No Brasil, como a AMB vem trabalhando a valorização da Ciência?
C.F. — Um dos motivos de a AMB trabalhar diuturnamente para reforçar os laços com sociedades de especialidades, federadas e todas as demais entidades médicas é justamente a importância de seguirmos fiéis à Ciência, à Medicina de qualidade. Todos os dias trabalhamos essa questão entre os médicos e a mídia leiga, para elucidar os cidadãos. Fora da Ciência, não existe Medicina.
B.A. — A AMB criou um comitê referente à covid-19. Qual o trabalho principal desse grupo? Quantas pessoas participam?
C.F. — Criamos o Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 em março de 2021. Ele monitora permanentemente a pandemia em todo o território nacional e as ações dos órgãos responsáveis pela Saúde Pública, com o intuito de consolidar informações e, a partir de retratos atualizados, transmitir orientações periódicas de conduta para cuidados e prevenção aos cidadãos e aos profissionais da Medicina. O CEM COVID_AMB tem cerca de 25 membros, mas é um número flexível; depende do momento sanitário e da avaliação das especialidades que o compõem, que são aquelas mais diretamente ligadas ao atendimento na linha de frente.
B.A. — Quais as principais conquistas, até o momento, alcançadas pelo Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19?
C.F. — Trabalhar com base em Ciência e ladeados pelas sociedades de especialidades foi essencial para enfrentar as fakes news e orientar corretamente a população. Pela seriedade do grupo, o CEM COVID_AMB virou referência para a mídia. Vários dos especialistas pautaram o Fantástico, Jornal Nacional, SBT, Record, Bandeirantes, TV Cultura, GloboNews, só para ficar em poucos exemplos. Digo que foi e está sendo cumprido relevante papel em prol da Saúde Pública, da prevenção em defesa da vacinação, por exemplo.
B.A. — Nesse cenário tão atípico e difícil para todos, que mensagem o senhor gostaria de deixar aos médicos?
C.F. — Os médicos têm trabalhado com a dignidade habitual, entregando-se para curar e salvar vidas, mesmo se expondo a riscos. Tenho orgulho e faço questão absoluta de agradecer em meu nome, em nome da AMB, certamente como porta-voz de todos aqui e dos brasileiros, a cada um dos colegas médicos.