EDITORIAL | “A utopia mora no horizonte: vamos caminhar juntos”
Tive o privilégio de estar à frente da Presidência no jubileu de ouro da ASBAI — nossa querida ASBAI — e, assim, trazer um pouco do sotaque da região nordeste, mais especialmente do estado de Pernambuco, terra de rica história e cultura. Mas quero fazer uma pergunta a você, associado: por que a história dos 50 anos da ASBAI é tão importante?
Ao resgatar o passado, nos emocionamos com o presente e abrimos as portas e janelas para a entrada do futuro. Foram os presidentes vitalícios que nortearam a construção dessa catedral chamada ASBAI. Cada um dos que nos antecederam deram sua valorosa parcela de contribuição e é gratificante ver o quanto nossa especialidade cresceu.
Mas nossa entidade permanece inacabada, pois qualquer arquétipo de associação é sempre uma utopia a nos guiar.
“A utopia mora no horizonte.
Aproximamos dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminhamos 10 passos, e o horizonte corre 10 passos.
Por mais que caminhemos, jamais alcançaremos.
Então para que serve a utopia?
Serve justamente para isso: para que não deixemos de caminhar.”
Caminhar juntos.
A ASBAI é a entidade, de cunho científico, que representa a classe dos imunoalergistas. Nesse sentido, houve necessidade de mudanças no estatuto social, para prestigiar quem efetivamente possui o título de especialista em Alergia e Imunologia.
Valorizar o associado que é titulado e seu mérito científico é condizente com a missão de nossa ASBAI, que foca mais no PubMed e menos no Instagram. Mais PubMed e menos Instagram. Mais PubMed e menos Instagram. 😊
Com essa missão, nesses dois últimos anos, construímos laços, produzimos bastante e conquistamos juntos. Mas, ao contemplarmos os quatro pilares básicos da vida associativa, gostaríamos de ressaltar o seguinte:
1º — Em termos de conhecimento na área de Alergia e Imunologia, a implantação da prova prática para o título de especialista. Esse marco confere um salto de qualidade para além da cognição ou da educação formal, pois também são consideradas a habilidade, a efetividade e as atitudes do candidato, predicados fundamentais para uma certificação andragógica, respeitável e segura do especialista.
2º — Tivemos o ASBAI Educa, que foi ministrado por professores dos centros formadores de todo o País e dirigido aos residentes e especializandos nos serviços autorizados.
Além disso, foi criado o Manual Prático de Alergia e Imunologia, assim como outros livros científicos, como Esofagite Eosinofílica, Anafilaxia, Manual de Imunoterapia e Dermatite de Contato. Estão ainda em fase de pré-lançamento o Compêndio de Erros Inatos da Imunidade e o livro Alergia Alimentar. Em fase de edição, temos os livros Alergia e Imunologia no Idoso e Urticária.
3º — Fortalecer o exercício profissional nos âmbitos público e privado é a missão da ASBAI. Assim, quero ressaltar o Fórum de Alergia e Imunologia no SUS, que resultou na Carta de São Paulo, cujo objetivo é implementar nossa especialidade no Sistema Único de Saúde (SUS).
4º — O estímulo ao pertencimento à ASBAI. Mais de 600 associados titulados providenciaram e enviaram o RQE, em resposta à campanha de certificação em defesa da Alergia e Imunologia.
Ressalto ainda a integração com as Regionais e a inauguração da nova sede da ASBAI, à altura da nossa querida especialidade.
Cada Diretoria se debruçou em ações voltadas ao desenvolvimento sustentável da nossa ASBAI. Infelizmente, são muitas realizações e não consigo descrevê-las todas neste breve texto. Porém você, associado, pode conferir com mais detalhes na revista eletrônica ASBAI em Pauta.
Enfim, sublinho o resgate do verdadeiro Dia do Médico Alergista e Imunologista Brasileiro, que foi conferido pela AMB como sendo o 17 de novembro, enriquecendo mais ainda de significado o jubileu da ASBAI.
“Ao homem restam duas opções:
ou ele banaliza a vida,
ou ele sacraliza a vida.”
Eu, Emanuel Sarinho, fico com o último, pois a sacralização confere significado, contorno e sentimento. Toda vez que sacralizamos um momento, ele nos alcança na eternidade.
Nesse sentido, não seria exagero dizer que nos tornamos imortais, nos corações e almas daqueles que tocamos. Fazemos isso como professores — e por que não como alunos? E como pai, como filho, como amigo… procurei, modestamente, fazer isso também em nossa gestão na ASBAI.
No início, ao assumir a entidade, estávamos no auge da pandemia: um momento desafiador que fala por si só. Mas, pouco a pouco, fomos tecendo a manhã, com uma ação pacificadora, harmoniosa, colegiada e produtiva, fazendo de nossa ASBAI “um toldo para todos, que, de tão leve, passou a flutuar como luz, balão”.
Essa gestão, nobres colegas, é fruto “das pérolas que achei catando na beira do riacho”, que são os amigos da Diretoria executiva nacional, os presidentes e membros dos Departamentos Científicos e Comissões, os presidentes de Regionais e os membros do Conselho Consultivo, além de vários associados que nos ajudaram no anonimato. Assim, tenho gratidão a todos vocês pelo muito trabalho que foi realizado e pela imensa colaboração. “É na travessia que se conhece o outro.”
Seguimos com serenidade, em busca de nossa utopia de deixar uma sociedade melhor para aqueles que nos sucedem. Afinal, como nos ensina Fernando Pessoa: “Carrego em mim todos os sonhos do mundo”.
Obrigado por sonharmos juntos.