EDITORIAL | A valorização do cuidado aos pacientes com EII é de responsabilidade da nossa especialidade
A abordagem ao paciente que procura o especialista em Alergia e Imunologia tem sido cada vez mais complexa. O conhecimento adquirido na especialidade cresceu exponencialmente nas últimas décadas. Em relação à Imunologia Clínica, a mais recente classificação de erros inatos da imunidade (EII) inclui deficiências e desregulação, com inflamação, alergia, autoimunidade e até fenocópias.
A Imunologia Clínica, inicialmente dominada por pediatras de formação, incluía somente as deficiências imunológicas e o conceito de que as doenças seriam majoritariamente de aparecimento precoce. Atualmente sabemos que muitas condições também se iniciam na vida adulta e a diversidade de apresentações tem dificultado o processo de avaliação do paciente. Por outro lado, o reconhecimento de casos familiares e a triagem neonatal se tornaram indispensáveis. A ASBAI contribuiu reavaliando os sinais de alerta, há tanto tempo divulgados como base para a suspeita clínica de comprometimento imunológico.
Os mecanismos se conectam, tornando a Alergia e Imunologia uma grande especialidade, e o especialista, um clínico geral. Cada vez mais, o paciente demanda ser avaliado em sua integralidade; a visão geral deve prevalecer. Como oferecer o melhor cuidado aos pacientes com patologias tão diversas dentro de uma especialidade?
Há uma realidade nova vivenciada pelo especialista: a necessidade de exames genético-moleculares, aconselhamento genético e análise de ensaios funcionais. E também a indicação de novos imunobiológicos em doenças alérgicas e autoimunes em pacientes com EII.
Apesar do tremendo progresso no campo dos EII, enfrenta-se uma grande barreira nessa área da Medicina. A educação em Imunologia em níveis de graduação e pós-graduação é focada principalmente em autoimunidade e doenças alérgicas, restringindo o ensino dos erros inatos da imunidade. Mesmo em alguns dos centros formadores em Alergia e Imunologia brasileiros, menor atenção é dada aos EII. Há o conceito de que abordamos doenças raras. No entanto, os registros de casos, ainda que incompletos, têm demonstrado serem mais frequentes do que se imagina.
Diante do cenário da prática de nossa especialidade, os pacientes com EII representam um dos grandes desafios, demandando ainda mais dedicação a estratégias de educação continuada. A Imunologia Clínica encontra um espaço amplo para integração com outras especialidades e um crescimento com bases fortes. Nesse sentido, se tornam imperdíveis nosso congresso anual, os módulos de educação a distância e o Encontro do BRAGID (inscreva-se aqui), programado para 30 e 31 de agosto, no Hotel Radisson Blu, em São Paulo.
Quero agradecer o importante apoio da ASBAI no BRAGID Meeting e, em especial, à Dra. Ekaterini Goudouris, que não mede esforços para ampliar a divulgação dos erros inatos da imunidade.
Dra. Anete Grumach é coordenadora do Departamento Científico da ASBAI e membro do Grupo Brasileiro de Imunodeficiências (BRAGID)